Wednesday, January 2, 2008

a tua mãe (há um ano atrás)

há um ano começávamos um ano novo
mas o ano já se sentia velho antes de começar
um daqueles falsos começos em que não conseguimos desligar do que acabou de acabar
porque o final foi tão triste, tão sem esperança
ver os teus olhos baços era uma dor no coração
aqueles olhos sempre tão brilhantes, tão sorridentes, tão positivos

hoje falei com aquela tua outra mãe
e senti pela milésima vez que há um ano atrás via uma sombra do que se atravessava em ti
e que tento fazer agora tudo o que não consegui fazer na altura porque subestimei o teu sofrimento (sinto culpa)
e essa tua mãe, avó das tuas filhas esteve sempre ao teu lado. sempre.
e eu admiro-a intensamente por tudo o que foi para ti nesse momento e por tudo o que é agora para as tuas queridas filhas
e porque foi quem as amparou no pior momento, no pior dia das suas vidas, num dos anos mais difíceis que com certeza viveram e provavelmente viverão
porque te tratou como uma filha, esteve atenta como uma mãe
e assim percebemos que tudo isto nos faz pequenos,
percebemos que o teu gesto ultrapassou a nossa imaginação

hoje sinto um vazio imenso
porque não estás cá
não há consolo possível
não há palavra ou abraço que chegue
queria escrever um mail com o balanço das festas
(lembras-te? falávamos sempre dos dias em que não nos víamos, das famílias que não tínhamos em comum)

hoje e sempre, faltas-me tu.