Monday, February 25, 2008

imprevistos

Habituei-me sempre a saber com o que conto.
Casei-me sem a menor dúvida de que ia ser para sempre. Com a consciência de que aquele amor certamente se iria transformar, mas com a certeza de que seria uma pena perder aquela sensação de paixão sempre presente num namoro relativamente curto.
O tempo demonstrou-me que viver sempre apaixonada seria um martírio. Que a estabilidade anula a paixão permanente e isso até nem é mau. Desde que continuem a existir os tais momentos. Fez-me ver também que a transformação do amor é sábia e positiva. Efectivamente nasce uma outra coisa a que se chama cumplicidade e que, se as coisas correm bem, o passar dos anos aprofunda inevitavelmente.
E assim tenho vivido. Sem tropeções, sem surpresas. Na minha convicção.
Mas de um dia para o outro alguém me fez ver que é possível descobrir o erro na fórmula.
Vejo pessoas muito próximas abaladas com decisões seguras de quem menos esperavam.
Vejo tantos casamentos a acabar no momento menos esperado. Situações que envolvem pessoas que admiro e respeito.
Será assim tão simples? Que um casamento é mais difícil do que qualquer pessoa julga, isso é verdade, mas o que pergunto é: estará a minha teoria certa? Parece-me tão natural que uma pessoa persiga paixões se o seu casamento já não é um casamento feliz. Mas o que é um casamento feliz? Alguém sabe? Se um dia não sentimos em casa devemos desistir de sentir?
E se desistimos, temos a certeza de que a pessoa que está connosco também desistiria?
É tudo muito complicado. Mas há uma coisa em que acredito e que antes não compreendia: ninguém desiste de ânimo leve, ninguém gosta que um projecto falhe. E se é levado a sério, o casamento será sempre o projecto mais importante da nossa vida.