Monday, October 13, 2008

the others

os outros são os nossos, os queridos, os que lamentamos, os que desapareceram
são os outros como se estivessem numa espécie de grupo à parte
nós e os outros
mas há tantos nós diferentes de mim e há tantos outros a fazer parte do que sou
os outros que estão não sei onde, que não consigo ver
para quem não consigo falar
só lembrar (e lembrar é tão pouco)
e sofro, sofro, sofro de saudade
dos cheiros, das expressões, dos sorrisos
e sofro porque me faltam esses sorrisos todos, um amontoado de sorrisos desaparecidos
e agora que estou tão quente com duas vidas em mim
sofro por estarem longe, frios, os outros, que já me aqueceram as mãos e o coração
os outros e nós.

Wednesday, October 8, 2008

tu

Contigo aprendi que as relações humanas são tudo menos lineares. Que podemos sentir o que não queremos mas que devemos querer só se sentimos.
Aprendi a dar valor ao que tenho, e que mesmo os mais honestos podem não se arrepender de um acto menos honesto.
Aprendi que a verdade é a essência.

Thursday, October 2, 2008

the end

Vêm-me à cabeça aquelas letras dos filmes antigos a finalizar a história que com alívio ou tristeza assim vemos que se acabou. The End. Letras brancas rebuscadas, desenhadas, sobre o fundo preto a indicar o fim de qualquer coisa e o princípio de outra coisa qualquer.
The End. E a história acaba. Forte ou fraca. Mal vivida ou bem vivida. The End. The End. E ficam imagens, cheiros, sensações. E custa acreditar no fim. Custa muito acreditar no fim. Mesmo quando é a úncia solução. Mesmo quando queremos que termine. The End. E se a história foi boa fica o amargo, a ausencia. The End. E o vazio. The End.

maniqueismo

Ser puro é ser ingénuo?
Ser puro é ser genuinamente puro. Se não se é genuino na pureza é-se a pior espécie de mentiroso.

Ainda acredito na pureza pura de algumas pessoas. Algumas, muito poucas. Que levam chapadas por todos os lados mas acreditam sempre no melhor de cada um. Não são parvas nem totós, são bondosas.
E dão sempre o melhor a cada um
.
Hoje apetece-me dar beijinhos a essas pessoas, abraçá-las com força, agradecer-lhes por existirem, pela esperança, por garantirem que nem tudo está perdido.
Por serem capazes de ser amigas, fieis, generosas, boas.

Infelizmente eu não consigo acreditar no melhor quando alguém faz o pior.
Pura e simplesmente deixei de conseguir. Virei-me do avesso, tornei-me maniqueísta, arrogantemente desapreciadora da má conduta de alguns que me rodeiam.
E acredito mesmo, de uma forma primária e infantil, que há pessoas mesmo más como aquelas personagens de ficção que nos deixam o estômago às voltas e mais voltas de revolta e mais revolta.

Por que caminho andamos?
Por que caminham tantos assim vazios, falidos de sentido, de alma, de amor?

Onde é que nos poderemos encontrar?
Sinto um grande vazio nos outros.
Que não me toque, que não me atinja. Que me seja permitido viver bem, com(o) aqueles que merecem realmente a felicidade.