Saturday, May 5, 2007

a tua casa

(ao som de erik satie)
A areia estava gelada e as ondas do mar ouviam-se no seu bater furioso e barulhento. Angustiada por estar só. O vento estava ameno e contrariava o dia escuro e triste.
Vi a tua casa ao fundo e apeteceu-me aproximar-me na certeza que te encontraria. Caminhei devagar e todos os momentos que partilhámos se atravessaram no meu caminho. Sentia que cada vez me afastava mais na convicção de te encontrar. Eram tantas lembranças para uma tão curta distância.
Cheguei e espreitei. Tu estavas de costas, vestida de branco e abraçavas as tuas três filhas. Chamei-te e não me ouviste. Gritei por ti. Olhaste para fora indiferente, a sorrir. Que saudades desse teu sorriso grande e feliz. Que saudades de te ver agarrada às tuas filhas. Que saudades da tua imagem viva e serena. Da tua expressão.
Comecei a recuar sem querer recuar. E houve um momento em que percebi que a música chegava ao fim e que o sonho ia ser interrompido. Preferi voltar para onde estava e guardar na minha memória a tua imagem.

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